segunda-feira, julho 27, 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões

4 comentários:

SILÊNCIO CULPADO disse...

ADesenhar

Este soneto de Camões não mudou a sua pertinência pese embora os anos decorridos.
Quantas vezes citamos a sua introdução perante acontecimentos que nos surpreendem pela "inversão de marcha" dos seus condutores?


Abraço

polidor disse...

mesmo só com um olho o Poeta tinha visão...
abraço

Å®t Øf £övë disse...

Adesenhar,
O mundo está sempre em constante mudança, e nunca pára. Talvez seja esse o grande aliciante da própria vida.
Abraço.

Odele Souza disse...

Alguns poemas, alguns textos ultrapassam o passar do tempo e mantêm-se sempre atuais. Como este aqui de Camões.

Bjs de Odele e Flavia.