Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
4 comentários:
ADesenhar
Este soneto de Camões não mudou a sua pertinência pese embora os anos decorridos.
Quantas vezes citamos a sua introdução perante acontecimentos que nos surpreendem pela "inversão de marcha" dos seus condutores?
Abraço
mesmo só com um olho o Poeta tinha visão...
abraço
Adesenhar,
O mundo está sempre em constante mudança, e nunca pára. Talvez seja esse o grande aliciante da própria vida.
Abraço.
Alguns poemas, alguns textos ultrapassam o passar do tempo e mantêm-se sempre atuais. Como este aqui de Camões.
Bjs de Odele e Flavia.
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