Eleições Europeias - Dia D
Posição Sobre as Eleições Europeias de 7 de Junho de 2009 (DD)
Portugal atravessa uma profunda crise moral, política, económica e social, que afecta a própria democracia. O quadro de aflição em que o País e o seu povo se encontram é dramático, podendo ser sumariado em 30 factores de desgraça:
(***continue a ler aqui ----->(DD)
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Um povo macambúzio burro de carga aguentando
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.[.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.[.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
in, Pátria,"Guerra Junqueiro,1896.
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Especial Eleições - Versão Brasileira
6 comentários:
Meu Afilhado, fui educada depois de João de Deus, o tal da cartilha de aprender a ler, a ouvir primeiro e, a dizer depois, o Senhor Guerra Junqueiro (o tal que disse ao Papa da época: "tu excomungas-me de lá e eu excumungo-te de cá") .
Logo sei do que falas. Obrigada por seres quem és, mais uma vez!
Estou doente mas vou votar, em quem ? - Não digo.
Digo apenas: contra a maioria absoluta de quem a envergonhou.
Beijo muito Amigo.
MP
* excomungo-te.
Desculpem, é cansaço...
como há tantos anos Guerra Junqueiro era tão actual ...
esquisito? ou triste? ...
mas ... Domingo ... lá estarei ...
beijinhos e espero que estejas bem
isabel
Alguns textos mesmo tendo sido escritos anos e anos atrás, continuam a ser atuais. Pena que nem todos se refiram a uma atualidade bonita.
Espero que tudo esteja bem contigo.
Bjs de Odele e Flavia.
"... e foi-se embora" - para onde caramba?
Manda mail, no mínimo.
Até que enfim que encontro para aqui um link onde deixar um abraço, um elogio de arte digital e quanto ao resto tudo bom, já conhecia o texto do Guerra e o Melô é bom que vão reaparecendo aqui e ali para que todos os encontrem.
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