domingo, junho 07, 2009

Eleições Europeias - Dia D


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Posição Sobre as Eleições Europeias de 7 de Junho de 2009 (DD)
Portugal atravessa uma profunda crise moral, política, económica e social, que afecta a própria democracia. O quadro de aflição em que o País e o seu povo se encontram é dramático, podendo ser sumariado em 30 factores de desgraça:
(***continue a ler aqui ----->(DD)
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Um povo macambúzio burro de carga aguentando

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.[.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."


in
, Pátria,"Guerra Junqueiro,1896.

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Especial Eleições - Versão Brasileira


6 comentários:

magda disse...

Meu Afilhado, fui educada depois de João de Deus, o tal da cartilha de aprender a ler, a ouvir primeiro e, a dizer depois, o Senhor Guerra Junqueiro (o tal que disse ao Papa da época: "tu excomungas-me de lá e eu excumungo-te de cá") .

Logo sei do que falas. Obrigada por seres quem és, mais uma vez!

Estou doente mas vou votar, em quem ? - Não digo.

Digo apenas: contra a maioria absoluta de quem a envergonhou.

Beijo muito Amigo.

MP

magda disse...

* excomungo-te.

Desculpem, é cansaço...

Isabel Filipe disse...

como há tantos anos Guerra Junqueiro era tão actual ...

esquisito? ou triste? ...

mas ... Domingo ... lá estarei ...

beijinhos e espero que estejas bem
isabel

Odele Souza disse...

Alguns textos mesmo tendo sido escritos anos e anos atrás, continuam a ser atuais. Pena que nem todos se refiram a uma atualidade bonita.

Espero que tudo esteja bem contigo.

Bjs de Odele e Flavia.

magda disse...

"... e foi-se embora" - para onde caramba?

Manda mail, no mínimo.

Pata Negra disse...

Até que enfim que encontro para aqui um link onde deixar um abraço, um elogio de arte digital e quanto ao resto tudo bom, já conhecia o texto do Guerra e o Melô é bom que vão reaparecendo aqui e ali para que todos os encontrem.