quinta-feira, abril 24, 2008

Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor


Hoje, dia 23, comemora-se o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor. A escolha do dia deve-se ao facto que vários escritores consagrados, como Miguel de Cervantes, William Shakespeare, Vladimir Nabokov e Josep Pla, nasceram ou morreram em 23 de abril.
A minha escolha vai para um livro que acabei de receber das mãos do carteiro amigo, por ter sido o visitante 1 000 000 do blog
*DoPortugalProfundo*, O Décimo Quarto Zero de Enzo Russo. Para abrir o apetite literário aos meus visitantes e o meu, porque ainda não o li, cá vai...

Enzo Russo

Seria fácil e tranquilizador começar por declarar, como é costume, que qualquer alusão a factos verificados na realidade não passa de pura coincidência. Mas trata-se de uma afirmação que não tenho coragem de fazer. Preferia escrever um ensaio, mas a minha linguagem é a da narrativa. Assim, parafraseando Verdi, inclinei-me para «um ensaio mascarado». Até ao início da década de oitenta ainda era possível derrotar a Mafia, porque os seus chefes eram conhecidos e o seu poder financeiro limitado. Mas não quiseram derrotá-la. Hoje, quanto a mim, é demasiado tarde. Personagens irrepreensivas e ignoradas de todos, em Palermo e na Europa, movimentam cem mil milhões por ano, pairando sobre a lei, alfândegas e pessoas que se iludem e esperam. Uma arrepiante perestroika e uma ausência total de glasnot. Fazer de anti-Mafia, hoje em dia, para um juiz ou para um cidadão, não é apenas difícil, mas inútil. Os factos dos dois últimos anos, que ainda não se tinham verificado quando comecei a escrever, demonstram-no de forma implacável. Seguir-se-ão outros, porventura piores. Por isso, embora estime profundamente este meu livro, devo admitir que não acredito na sua utilidade. Em todo o caso, escrevi-o porque qualquer coisa é preferível ao silêncio. Mas sobretudo porque desejo pagar o meu tributo de siciliano à Sicília, dominada pela Mafia à qual foi abandonada pelo Estado e considerada pela opinião pública como responsável e, com frequência, cúmplice daquela organização. Não podia transformar a derrota em vitória. Nem inverter a corrente da opinião pública. Apenas podia escrever.

nota: Agradeço ao
Carlos Medina Ribeiro do Sorumbático
pelo envio deste livro.

3 comentários:

Amaral disse...

Muito bem lembrado este dia. É pena que os livros sejam tão maltratados e tão caros.
Parece-me que a sugestão é interessante.
Em jeito de "comemoração" deixo aqui dois ou três livros que aconselho vivamente:
- "As velas ardem até ao fim" (Sándor Márai)
- "História do Rei Transparente" (Rosa Montero)
- "A sombra do vento" (Carlos Ruiz Záfon)
Boas leituras
Abraço

Carlos Medina Ribeiro disse...

Eu raramente ofereço livros que não tenha lido antes.
Este, «O 14º ZERO», foi uma excepção, pois a ideia era comemorar o «6.º ZERO» do blogue e não resisti à associação de ideias...

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Já que falamos em livros:

O Sorumbático oferece uma meia-dúzia deles por semana, sob os mais variados pretextos.
São livros que estão sempre a chegar, ofertas de amigos, livreiros, editores e autores.

Odele Souza disse...

A leitura deveria ser mais incentivada por exemplo, pelos meios de comunicação. O amor aos livros deveria ser incutido desde cedo nas pessoas, nas crianças desde tenra idade, para que saibam que ler é uma aventura deliciosa, é viajar sem sair do lugar.

Um abraço.