terça-feira, novembro 27, 2007

polivalência interrompida

Sou uma mulher polivalente, podes medir-me por letras.
Nos cem a duzentos versos da minha carne
espargidos em papel quadriculado a tinta verde.
Podes medir-me em letras como folhas de erva
subtilmente pisadas como o meu nome a lápis
e assim, depois, podes queimar-me ou apagar-me,
podes fumar a minha importância e esquecer-me….
Já o fizeste e hoje em troca dás-me um verso
e eu converto-me no ar que não respiras por estar condensado,
sou o ar a que renuncias para que te possa escrever.
De maneira que podes, podes medir-me em letras.
Permiti que me escrevesses para a seguir me apagar.
Se sou uma mulher polivalente, porque não consegues usar-me agora?
Nos cem a duzentos litros de tinta verde, condensada,
exprimindo a carne para que saias, expulsar-te
e assim ganhar alguns versos com os quais possas medir
a erva que pisaste, as letras do meu nome por ti apagado.
Almudena Vidorreta

2 comentários:

Gabriela Rocha Martins disse...

torno.me repetitiva ,mas é necessário dizê.lo .a escolha de Vidorreta foi perfeita


um beijo!

Mocho Falante disse...

5 estrelas...adorei, simplesmente genial

abraços