quinta-feira, janeiro 18, 2007
sexta-feira, janeiro 05, 2007
miguel torga - 100 anos
Miguel Torga
(Poeta e prosador - 1907-1995)
... S. LEONARDO DE GALAFURA ...
Está o viajante cansado de calcorrear esta região de Lamego. Foi à Senhora dos Remédios, subiu as escadarias recordando o episódio do Veloso nos Lusíadas, visitou a cidade, foi a Salzedas e à Ponte de Ucanha, visitou Balsemão, S. Martinho de Mouros, Armamar e S. João de Tarouca. É tempo de partir para a Régua. Passada a ponte, hesita. Voltar à esquerda e seguir para Mesão Frio ou seguir em frente rumo a Vila Real pela estrada de Santa Marta de Penaguião. A paisagem é impressionante em qualquer dos percursos. Porém, ali à direita, junto ao rio, há uma pequena estrada... e o céu azul convida à aventura. O viajante decide-se pelo desconhecido. Hoje vai a Galafura.
Aquele poema de Torga não lhe saía da cabeça. O autor dos Contos da Montanha nasceu ali ao lado e a sua visão telúrica sempre o impressionara. Algo terá este lugar para tanto ter fascinado o poeta.
A estrada é estreita mas de bom piso. Pelas encostas estendendem-se os vinhedos em socalcos. Impossível não aproveitar os poucos espaços livres nas bermas para parar e encher os olhos com a rudeza trabalhada da paisagem. Chegamos a Galafura. A estrada sobe para o monte e lá no alto espera-o S. Leonardo.
A primeira sensação é de paz, uma paz que brota da rudeza das pedras e do silêncio das cercanias.
Uma pequena capela sem pretensões, árvores em torno, granito...
Incrustadas em algumas rochas estão placas com textos de Torga sobre Galafura.
Não se vê vivalma. O viajante agradece. Nascido na serra e apreciador destes cimos ornados com pequenas capelas que pululam por toda esta região, nunca entendeu a razão por que muitas pessoas insistem em permanecer no betão e não fazem o esforço de libertarem o espírito e subirem ao monte. Mas hoje não está para grandes divagações e, egoisticamente, agradece...
A primeira sensação é de paz, uma paz que brota da rudeza das pedras e do silêncio das cercanias.



" O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir.Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta." (Miguel Torga, Diário XII).
Quem melhor do que o poeta poderia descrever este regalo dos sentidos?!





Não imagina? Pois, é pena...
adesenhar...................... d:-) hvr - jf
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aDesenhar
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